Avançar para o conteúdo principal

Purple Bowl (tigela matinal de mirtilos, batata-doce, sementes e granola)



Eu sempre achei que a minha cor preferida era o vermelho, depois o cor-de-rosa. Só muito recentemente é que eu me apercebi que a minha cor predileta é o violeta e todas as suas variações. Por isto, quando durante as compras de ontem, num supermercado diferente do habitual, eu me deparei com um caixote de batatas-doces roxas, não lhes pude resistir.
Meti logo umas quantas para o saco, enquanto o meu filho reclamava da demora, pois eu só tinha saído para comprar duas coisinhas e o número no cesto de compras já era visivelmente maior, só na secção de legumes.
Pode não parecer, mas é muito difícil encontrar variedades de produtos no hipermercado onde costumo fazer as minhas compras, embora se trate de um dos maiores, senão o maior supermercado, do norte do país. 
A minha lembrança da batata-doce roxa remonta à infância. Na verdade, lembra-me o Natal, quando meu pai encomendava à principal doceira da pequena cidade do interior de São Paulo onde eu morava uma série de doces e frutos cristalizados. É assim que eu me lembro daquele roxo intenso: o doce de batata-doce. Também havia aquele de uma cor "amarelo-arroxeada", mas não tinha a beleza do primeiro.
Quando nós nos mudamos para uma região diferente do Estado, os doces de batata-doce, que pareciam pedras de topázio gigantes, deixaram de ser tão frequentes à mesa lá de casa. Vi-os, porventura, em pequenos armazéns de doces caseiros, cuja embalagem denunciava que tinham sido feitos em pequenas (ou nem tão pequenas) fábricas, na região da serra da Mantiqueira. 
Tudo isto só para dizer que a minha vontade, quando vi o caixote de batata-doce roxa no supermercado, foi de o trazer todo cá para casa e transformá-lo em mil receitas. E então encontrei o meu primeiro obstáculo. Ou melhor, desafio. Com que combinar a batata. Assá-la? Cozê-la? Doce ou salgado? 
Provei dela um bocadinho crua e senti um sabor mais amargo que o das outras duas ou três variedades que conheço. Assei. E, assadas, são tão doces quanto.
E o que a história da batata-doce roxa tem a ver com a bowl de mirtilos da receita de hoje? Bem, o segredo está revelado. Eu não resisti a colocar três ou quatro rodelas deste tubérculo e bater juntamente com 1 banana pequena, 100 ml de leite de aveia, 50 ml de leite de coco, 1 colher de sobremesa de chia e, claro, uma mão cheia de mirtilos. Renderam duas porções. Escusado dizer que comi as duas, cheias de sementes de abóbora, mais mirtilos e granola. Prometido é devido. Claro que é possível fazer a mesma tigela matinal de mirtilos sem a batata-doce. Fica, igualmente, delicioso. Mas só batata-doce confere ao batido a textura de um creme e aquele tom de roxo lindo.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Creme de ervilha e couve-flor

Numa segunda-feira normal eu nunca faria sopa ou qualquer outro caldo quente ao almoço. Almoço sempre sozinha, por isso, as minhas refeições ao almoço costumam ser rápidas. Adoro legumes e hortaliças, mas prefiro-os crus (e, desde que comprei um espiralizador, ando a espiralizar tudo o que encontro rs). Quanto à sopa, tenho a noção, talvez errada, de que demora imenso tempo a preparar, mesmo quando posso contar com uma robô de cozinha que quase a faz por mim.  Mas hoje foi um dia especial: segunda-feira de Páscoa. E o que isto tem a ver com a sopa? Diretamente, nada.  Na verdade, a segunda-feira de Páscoa, para mim, ainda soa um bocado estranho. Não duvido que seja porque em algumas aldeias, cá em Portugal, ainda seja preciso esperar pelo compasso às segundas. Embora tenha a noção de que, desde que cá vim morar, há mais de 10 anos, esta tradição tenha vindo a diminuir.  De qualquer forma, com ou sem compasso, na segunda-feira após a Páscoa ainda não há aulas. E os miúdos ficam ond

Pãozinho de batata-doce e chia

Prometido é devido. Quando postei a receita das trufas de chocolate, feitas com as sobras de batata-doce, eu disse que postaria a receita do pãozinho deste tubérculo que eu adoro. Infelizmente, daquela fornada de pão, não sobrou nenhum para contar a história. Então tive de repetir a receita para cumprir a minha promessa. Confesso que não foi sacrifício nenhum. Na verdade, este pãozinho é uma versão da receita da Gabriela Pugliese. Outra receita, também  muito semelhante, já foi publicada na revista CasaVougue. Este pão tem uma textura muito semelhante ao do pão-de-queijo brasileiro, mas com bem menos gordura, pois não leva queijo parmesão. Também é um pãozinho bastante versátil para quem tem problemas com a lactose ou  com o gluten. Ideal para os veganos, pois também não leva ovos. Para 12 pães, de 50 g cada um, são precisos: 350 g de batata-doce (abóbora ou inhame) desfeitos em puré; 130 g de polvilho doce; 70 g de polvilho azedo; 55 g de azeite de oliva; 20 g de sem

Quibe de batata-doce e quinoa

O Kibbeh ou Quibe (como seria a grafia em português) é um prato ordinário no médio oriente. Normalmente confeccionado com carne de borrego, menta picada, cebola e bulgur (um tipo de trigo), pode ser servido de inúmeras maneiras. Ontem, procurando por receitas novas e rápidas para preparar para o meu almoço, deparei-me com uma versão vegetariana de Quibe de abóbora e quinoa e resolvi reinterpretá-la, como é do meu feitio.  No lugar da abóbora eu coloquei batata-doce e, em vez de quinoa branca, eu usei quinoa vermelha. Esta receita é bem prática e leva apenas uns 10 minutos a preparar, desde que, como eu, você tenha sempre quinoa cozinha no frigorífico. Facilita-nos muito a vida. Do contrário, será necessário despender mais uns 20 minutos, que é o tempo de cozedura da quinoa. Para uma dose individual (se for fazer familiar, basta aumentar na proporção), eu usei os seguintes ingredientes: 1 batata-doce de polpa laranja (pequena); 4 colheres de sobremesa de quinoa vermelha cozida;