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A mostrar mensagens de 2017

Bolo funcional de banana e alfarroba

Estou mesmo feliz em poder partilhar convosco uma receita que nasceu de uma mistura inusitada de ingredientes que fui encontrando na minha dispensa. A ideia era fazer uma bolo que não levasse nenhum tipo de grão. E, por isto, o desafio era grande.  Sim, deve haver montes de receitas destas espalhadas pela Internet, mas sempre há um ingrediente ou outro que nos falta. E vocês sabem, não é? Sou mesmo dada às experiências culinárias. Penso que aprendemos imenso, sobretudo quando falhamos. É claro que não tem graça nenhuma errar e quando usamos ingredientes que não são propriamente baratos é bastante aborrecido.  Não é o caso desta receita, pois exceto a farinha de amêndoa, os demos ingredientes têm preços bem acessíveis. A primeira coisa quando pensamos em fazer um bolo sem grãos é saber a proveniência da farinha que estamos a usar.  Como é óbvio, usei a farinha de alfarroba, que é obtida através da moagem das vagens de alfarroba e tem um sabor muito aproximado ao do cho

Uma massa, duas tartes

Com recheio de cogumelos, brócolo e tomates secos Sou daquelas que pensa que coisas boas podem e devem ser divulgadas. Acho muita piada naquelas senhoras que não passam a receita por nada. Eu passo sempre. A minha avó materna, que era uma pessoa muitíssimo interessante, para além de muito amada, cozinhava bolos deliciosos, mas a receita... ah esta era guardada a sete chaves. Recordo-me que a minha avó, quando não estava deitada numa rede a ler, ocupava-se na cozinha, sempre a fazer alguma coisa gostosa. Ninguém fazia cukas (um bolo de origem alemã; Strueselkuchen ) como ela. Às vezes simples, à vezes com banana. Naquela altura eu pedia-lhe para retirar as bananas. Adorava aquele crumble (streusel ) de farinha, açúcar e canela que se formava por cima do bolo. Ainda hoje posso sentir o cheiro do bolo. Quantas vezes o comi, no lanche da tarde, acompanhado por uma chávena de leite com café quentinhos. A minha tia deve ter ficado com a receita. Hei de lha pedir qualquer dia destes. Ma

Creme de ervilha e couve-flor

Numa segunda-feira normal eu nunca faria sopa ou qualquer outro caldo quente ao almoço. Almoço sempre sozinha, por isso, as minhas refeições ao almoço costumam ser rápidas. Adoro legumes e hortaliças, mas prefiro-os crus (e, desde que comprei um espiralizador, ando a espiralizar tudo o que encontro rs). Quanto à sopa, tenho a noção, talvez errada, de que demora imenso tempo a preparar, mesmo quando posso contar com uma robô de cozinha que quase a faz por mim.  Mas hoje foi um dia especial: segunda-feira de Páscoa. E o que isto tem a ver com a sopa? Diretamente, nada.  Na verdade, a segunda-feira de Páscoa, para mim, ainda soa um bocado estranho. Não duvido que seja porque em algumas aldeias, cá em Portugal, ainda seja preciso esperar pelo compasso às segundas. Embora tenha a noção de que, desde que cá vim morar, há mais de 10 anos, esta tradição tenha vindo a diminuir.  De qualquer forma, com ou sem compasso, na segunda-feira após a Páscoa ainda não há aulas. E os miúdos ficam ond

Pizza de couve-flor low-carb e sem glúten

Há muito tempo que a couve-flor deixou de ser uma simples hortaliça para se transformar num coringa na cozinha. De sabor neutro e delicado e com apenas 25 calorias para cada 100g, a couve-flor pode ser uma excelente aliada para quem quer ou precisa de alterar a dieta, mas não quer abrir mão dos prazeres que a comida pode oferecer.  Quando a gente cozinha sem glúten, na verdade, nós não estamos apenas a retirar uma proteína do trigo a quem alegadamente é conferida a culpa pelos quilinhos extras (crenças!), mas estamos a fazer uma comida inclusiva. Estamos a permitir que ela possa ser apreciada por todos.  É igual quando tentamos retirar o ovo ou leite a uma receita tradicional. O que nem sempre numa dieta normal é fácil, sobretudo para quem, como eu, foi acostumada a ter este tipo de alimentos à mesa. Por uma questão cultural e também económica, não passa pela cabeça de ninguém alterar a nossa dieta por um motivo que não seja a perda de peso. Mas não precisa de ser assim. Mas, co

Puré de batata-doce e inhame

Gente normal escolhe primeiro o prato principal e, depois, os acompanhamentos. Mas eu hoje sai da normalidade e decidi que iria fazer um puré de inhame. Este tubérculo é maravilhoso, está cheio de nutrientes e é super versátil, pois o seu sabor é praticamente neutro. De puré a leite vegetal, de molho branco a pão, para além de sopas deliciosas, é possível fazer quase tudo com ele. Para além de energético e fonte de vitaminas do complexo B, o inhame (conhecido também, como cará) ajuda a controlar alguns sintomas da TPM. Entretanto, me apercebi que o meu filhote poderia estranhar um puré de um turbérculo novo na sua dieta e adiconei  também batata-doce à receita, que ele ama! Para fazer o puré (2 porções) vamos precisar de: Ingredientes 1 inhame pequeno (95 g) 1 batata-doce branca média (240 g) 1/4 de copo de água 1 pitada de sal (usei sal rosa) 1/2 dente de alho 1 colher de sopa de azeite. Como fazer: 1- Limpe bem o inhame, descasque e o coloque para ferver durante 30 m

Bolo "express" de biomassa de banana verde

Eu sempre li e ouvi coisas sobre os benefícios da biomassa de banana verde. Mas nunca me interessei realmente por ela. Mas ontem, ao assistir um vídeo no Youtube percebi que esta pasta de banana verde realmente pode fazer milagres pelo nosso organismo.  Isto porque a biomassa de banana verde possui uma grande quantidade de amido resistente. O que é o amido resistente? É aquele amido que o organismo não absorve na digestão. O nosso intestino agradece. Por isto, a biomassa de banana verde é muito importante para quem quer manter uma dieta equilibrada ou até mesmo emagrecer, que é o meu caso. Existem pelo menos três tipos de amido resistente. As suas características biofisiológicas vêm  sendo estudado desde a década de 80. Na verdade, não é só a biomassa de banana verde que possui amido resistente. Outros alimentos também o tem como, por exemplo, a aveia, a batata, o arroz e algumas leguminosas. Todos estes alimentos precisam de ser cozidos e resfriados para que o amido resistente se

Cupcakes de cenoura (sem gluten e sem lactose)

Tenho andado sumida do blog. É verdade. As poucas receitas que tenho testado, as tenho postado diretamente na página do Foi p´ra panela, no Facebook, ou no @foiprapanela, no Instagram. Há  muitos motivos para eu deixar de postar, mas, entre eles, está o fato de eu estar sem máquina fotográfica e não conseguir fotografar os pratos de um modo minimamente descente. O telemóvel deixa muito a desejar. Quero dizer, o meu telemóvel. Outro motivo bastante forte é o fato de eu ter insistido durante o último mês em comer apenas saladas. Sim, uma variedade de legumes e frutos, normalmente crus, colocados no prato sem nenhum critério. Ou melhor, o meu único critério era que o resultado da combinação dos alimentos lembrasse um arco-íris. Não na ordem das cores. Mas no número. Hoje, no entanto, uma sexta-feira chuvosa, apeteceu-me um bolo de cenoura. Mas como vocês sabem, não podia ser qualquer bolo de cenoura. Daí que eu resolvi improvisar na forma e no conteúdo e, sem falsa modéstia, o resultado

Quibe de batata-doce e quinoa

O Kibbeh ou Quibe (como seria a grafia em português) é um prato ordinário no médio oriente. Normalmente confeccionado com carne de borrego, menta picada, cebola e bulgur (um tipo de trigo), pode ser servido de inúmeras maneiras. Ontem, procurando por receitas novas e rápidas para preparar para o meu almoço, deparei-me com uma versão vegetariana de Quibe de abóbora e quinoa e resolvi reinterpretá-la, como é do meu feitio.  No lugar da abóbora eu coloquei batata-doce e, em vez de quinoa branca, eu usei quinoa vermelha. Esta receita é bem prática e leva apenas uns 10 minutos a preparar, desde que, como eu, você tenha sempre quinoa cozinha no frigorífico. Facilita-nos muito a vida. Do contrário, será necessário despender mais uns 20 minutos, que é o tempo de cozedura da quinoa. Para uma dose individual (se for fazer familiar, basta aumentar na proporção), eu usei os seguintes ingredientes: 1 batata-doce de polpa laranja (pequena); 4 colheres de sobremesa de quinoa vermelha cozida;

Macarrão com queijo (sem queijo)

De onde eu venho, no interior do estado de São Paulo, Brasil, a massa é um prato de domingo por excelência. Ao sugo, à bolonhesa, à carbonara, simples com queijo, a massa é um prato delicioso e reconfortante. Quando eu era criança, em casa da minha avó paterna, havia sempre macarronada aos domingos. Talvez por influência da imigração italiana. Mas o prato que eu fiz ontem não tem nada a ver com a Europa mas, sim, com os Estados Unidos. Trata-se da versão vegana de uma refeição que se tornou ícone na América do Norte durante a grande depressão, com a crise de 29, quando a Kraft Foods resolveu vender comida barata, em caixinhas, para que os americanos pudessem ter alguma comida decente à  mesa. A Kraft Foods é uma das maiores empresas de alimentação do mundo, e chega a faturar quase 50 bilhões de dólares por ano. De lá para cá foram criadas várias receitas de macarrão com queijo e muitas variações. Esta receita nasceu de uma necessidade de retirar os produtos lácteos da minha vida.

Velvet cupcakes de chocolate (sem gluten e sem lactose)

Eu sei que as minhas receitas nem sempre são para todos. Muitas vezes uso ingredientes fora do comum ou que não fazem parte da lista de compra da maioria das pessoas. Mas, desta vez, não há desculpas para não fazer estes cupcakes de chocolate super saudáveis e, como eu costumo dizer, democráticos! Sim, é para toda a gente, incluindo aquelas pessoas que são intolerantes ao leite ou ao gluten. A receita também abrange os veganos, uma vez que também não utilizo nenhuma proteína animal nesta receita. Apesar de utilizar ingredientes mais básicos, a receita é uma pouco mais trabalhosa que os bolos de chocolate ditos "comuns", pois contém um ingrediente pouco usual nos bolos de chocolate: sumo de beterraba. Explico-me: a ideia inicial era fazer red velvet cupcakes, mas sem corante alimentar nem farinha branca. A massa, no início, até estava linda e vermelha, até começar a assar. Quando eu tirei os bolinhos do forno, logo me apercebi que tinha falhado na minha tentativa de col

Barrinhas energéticas de castanhas brasileiras

Uma das únicas tarefas culinárias que eu me meti a fazer no Brasil, para além do arroz de tomates que o meu pai adora, foram umas barritas energéticas. Não eram minimamente necessárias, mas eu queria gastar o tempo de uma tarde chuvosa, já perto de voltar para casa, a "inventar um doce", como eu costumo dizer só para os meus botões. Não podia ser assim nada muito moroso, nem grande demais, porque a casa ainda respirava os doces do Natal. Mas apetecia-me "criar" qualquer coisa. Foi naquela experiência que nasceu, em jeito de improviso, a ideia para estas barrinhas. Bem no início da viagem tínhamos feito umas comprinhas no Mercado Municipal de S. Paulo. Aliás, aquele sítio merece um parênteses. O mercadão é um lugar simplesmente mágico para quem gosta do cheiro de comida e de gente. Pode-se passar o dia lá só a provar dos frutos, que nos são oferecidos pelos comerciantes. Do mais comum ao mais exótico! Temperos, enchidos, carnes, peixes, conservas, bacalhau (que o

Rolinhos de berinjela com feta e pesto

Eu adoro berinjela, mas devo admitir que ela não faz a alegria de todos cá em casa. A única maneira de garantir que toda a gente vai ficar satisfeita é prepará -la panada e frita. Assim, o sucesso é garantido. Mas a verdade é que a beringela é tão versátil, que eu tenho mesmo pena de a preparar sempre da mesma maneira.  Escabeche de beringela é muito saborosa; gratinada, no forno, é deliciosa; e, numa moussaka, é insuperável. No entanto, desde o final das minhas férias, eu decidi retomar os treinos e fazer uma alimentação mais leve. Foi assim que eu tive a ideia de testar uma receita nova. Parece mentira, mas eu nunca a tinha preparado desta forma: grelhada e recheada. E sabe tão bem! Esta receita eu fui buscar no site www.brasilnamesa.com.br, mas fiz algumas alterações para moldar ao meu gosto e as minhas necessidades. Para preparar estes os rolinhos são necessários os seguintes ingredientes : 1 beringela grande (eu usei berinjelas pequenas, para servir de petisco também); 200

Sopa cremosa de abóbora e lentilhas vermelhas

Abóbora e coco são destas delícias da natureza que parecem ter sido feitas uma para a outra. Casam lindamente tanto em pratos doces como em salgados. O doce de abóbora com coco é um dos meus preferidos, quando estou no Brasil. Um dia destes prometo que conto a história deste casamento entre a abóbora e o coco aqui no blog. Por agora, como prato salgado, esta sopa cremosa de abóbora com lentilhas vermelhas vem exatamente celebrar esta união divina. Mais uma vez, vou apostar num prato democrático, no sentido de que esta sopa pode ser feitas de várias maneiras. Quem for curioso vai encontrar milhares de receitas diferentes pela Internet. Eu fiz a mais simples e menos condimentada o possível. Mas gosto muito da influência tailandesa, por exemplo, que a deixa um pouco mais quente (picante). Já o uso de temperos muito comuns na Índia, como o curry, podem deixar esta sopa ainda mais vibrante. Mais do que isto! Ela também é democrática porque evita desperdícios. As cascas da abóbora,

Bolo de fubá e laranja (sem glúten)

A temperatura anda a despencar por aqui.  Hoje pela manhã, quando sai de casa para treinar, os termómetros marcavam 4° C. Senti falta de algo reconfortante e decidi arregaçar as mangas e improvisar uma receita de bolo de laranja. Entretanto, eu não queria usar farinha de trigo, muito menos a farinha de trigo branca. Logo me veio à ideia usar fubá. Mas eu não parei por aí. Ainda ontem estive a testar fazer em casa uma farinha de arroz integral e de decidi usá-la na receita. E as laranjas? Bem, é no inverno que elas são melhores e abundantes por cá. Então vamos aproveita-las! No mais, eu tenho tentado partilhar convosco receitas que eu chamo de democráticas. Aquelas receitas que não fica nada mal trocar ingredientes, por vezes um pouco mais caros e difíceis de encontrar, por outros que a gente tem na despensa de casa. Ingredientes: 1 copo (240 ml) de sumo de laranja; 1 1/2 copo de fubá; 1 1/2 copo de farinha de arroz integral (use a farinha de arroz normal  ou de trigo, se não

Cebolas roxas assadas com molho de nozes

Hoje o Foi p'ra panela completa um ano de vida. E, no aniversário do blog, nada mais justo que comemorar com uma receita do meu "muso" inspirador Yotam Ottolenghi. Quem segue o blog sabe que ele tem sido uma referência para mim. Eu adoro esta pegada "veggie" médio-oriental, contemporânea e ocidental ao mesmo tempo, presente nos pratos dele. Apesar de ser uma receita bem simples, este prato é rico em sabor. E, como entrada, não decepciona, nem no verão nem no inverno. E, para além disto, é bastante democrático também. Eu, por exemplo, faria duas ressalvas: 1º reduziria a quantidade de vinagre no molho ou talvez retirasse o substituísse por aceto balsâmico, para retirar um pouco da acidez. Ainda que tenha sido o contraste marcante entre o ácido do vinagre e a doçura da cebola assada a ideia central de quando a receita foi criada. 2º Acredito que tanto o queijo como a rúcula podem ser substituídos por outros ingredientes semelhantes, sem prejuízo da ide

Lasanha de courgette

Foi uma longa e deliciosa conversa entre velhas amigas. Falámos de tudo um pouco. Claro, falámos de comida. O ponto alto, quando falámos de comida, talvez tenha sido o fato de haver tanta hipocrisia nesse mundo da indústria alimentícia. É verdade que não é fácil ser vegetariana ou vegana, em tempos da comida enlatada e altamente processada muito mais barata que o alimento de verdade. Muito menos pagar mais caro por produtos biológicos. A vida é injusta. E não é diferente no meio culinário.  Choca-me esta situção de injustiça, sim. Mas, não. Eu não vou deixar de fazer os meus bolos com farinha de amêndoa nem vou deixar de fazer os meus leites vegetais só porque pago mais caro por isto.  Eu não quero salvar o mundo através da minha comida. Nem conseguiria. Mas a conversa serviu-me para que eu pudesse refletir um pouco mais sobre os ingredientes que uso e sobre a comida que ponho na mesa.  E, sim, a comida pode ser sim saudável e democrática ao mesmo tempo. Cada um pode fazer ao